27/10/2008

ANIVERSÁRIO

Para o meu filho Manuel Maria no dia do seu 18º aniversário

Há um momento em que a juventude se perde. É o
momento em que os seres se perdem. E é preciso saber aceitar. Mas esse momento é duro.

Para ti um dia nascerá a luz e sem mim irás correr
atrás da tua memória e nunca me encontrarás nela
com os traços iguais aos do dia de hoje tão nítidos
presentes

Ausente deixarei de te olhar. O teu corpo ficará
sempre igual ao meu corpo que se transformará
num eco longínquo ressoando em ti comigo lá
dentro

Gostava de te ver sempre mas não posso. Um dia
todos os corpos se retiram e as viagens parecem
mais pequenas na cidade percorrida em círculos
concêntricos

Sei que nos encontrarmos agora é natural para ti.
Que me olhas e me interrogas silenciando o teu
medo de enfrentar o desconhecido numa espera
ausente

Para ti um dia nascerá a dúvida se afinal amaste
o suficiente. Se iluminaste a vida com a tua luz
própria ou se a roubaste aos outros sem sombra
de perdão

É esse o momento em que a juventude se perde
e com ela se esvai a inocência. É preciso saber
aceitar. Esse momento é duro e estarás só, sem
ninguém.

[Também no ABSORTO este poema que dá o título ao próximo livro, uma micro edição, dedicado ao meu filho, mas a pensar nos amigos. A distribuir nas vésperas do próximo Natal.]

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