05/04/2009

a caminho do futuro incerto

Albert Lemoine

A caminho do futuro incerto
se joga a minha vida
e os gestos dela,
tudo se joga menos a pura
beleza daquela face
e o meu olhar nela.

Não seria capaz de viver
fora da beleza
e um olhar por vezes basta
a novidade do breve desejo
arrebatado ou o triste
aceno de despedida.

Chegar e partir abrir a mão,
apertar os lábios,
lamber as feridas,
sorver as lágrimas que caem
pelo rosto desabridas,
e não perder o trilho.

Amar o dia como a um filho
que se viu nascer,
admirar a beleza de um rosto
na aurora do anoitecer,
beleza que ilumina o caminho
e me faz crer.

Não posso viver sem a beleza
aqui onde sinto o corpo
oblíquo em delírio
ou no lugar do desejo já morto
os meus sentidos
se perdem ao perdê-la.

Lisboa, 31 de Agosto de 2003

[Variante, datada, e com outro título, do poema “Não posso viver fora da beleza”]

1 comentário:

albert lemoine disse...

Bonjour,
J'aimerais tant connaître la traduction de ce poème illustré par une de mes photographies...
Et pourquoi n'avoir utilisé qu'une partie de l'image ?
L'image entière se trouve ici :
http://pagesperso-orange.fr/albert.lemoine/losange.htm