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Um 11º soneto.
XI
Marinha pousa a névoa iluminada,
e dentro dela os pássaros cantando
são crepitar das ondas doce e brando
na fímbria oculta e só adivinhada.
Verdes ao longe os montes na dourada
encosta pelos tempos deslisando,
suspensos pairam no frescor de quando
eram da sombra a forma congelada.
Ao pé de mim respiras. No teu seio,
como nas grutas fundas e sombrias
os animais pintados adormecem,
sereno seca um amoroso veio.
Um após outro hão-de secar-se os dias
na teia ténue que das eras tecem.
Jorge de Sena
1-3-1954 [Confirma-se o desfasamento devendo a referência feita, no dia 4 de Março de 1954, ao 11º soneto ser destinada aquele que na Poesia 1 surgirá a seguir com o nº 12.]
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