01/11/2009

AS EVIDÊNCIAS - XVIII


XVIII

Deixai que a vida sobre nós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
.
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
.
Deixai-a ser a que se não revela

senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
.
a que é do tempo a ideia da formosura,
a que se encontra se se não procura.

26-3-1954

Jorge de Sena


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