“23 de Setembro [1937].
Solidão, luxo dos ricos.”
23 septembre.
Solitude, luxe des riches.”*
Estar só
Ausência inteira
Solidária
A sós consigo própria
Só a nossa sombra
Nos olha
Estar só
Nada mais além
De nós
Próprios despidos
De tudo o resto
E de outros
Estar só
Absolutamente nós
Vigiados
Pela nossa voz
Ressoando
No pensamento
Estar só
Caminhar além
Do fim
Aquém da memória
Dos outros
Que vivem em nós
Estar só
O sobressalto
Do vazio
Nunca sonhado
Depois de tudo
Ter perdido
Estar só
Não é anunciares
A minha
Partida
É não te anunciares
Nunca
Estar só
É estar perdido
E não saber
Que me perdi
Deixar a tua mão
Por apertar
Estar só
Quero estar
Só uma única vez
A da palavra
Final
E nunca mais
Estar só
Sem ninguém
É partilhar o silêncio
Raro
Um luxo de ricos
A solidão
* Citação de 1937, in versão portuguesa dos Cadernos de Albert Camus – Caderno Nº 2 (Setembro de 1937 – Abril 1939) - página 61, edição Livros do Brasil; in versão original francesa “Carnets (Mai 1935 – Décembre 1948) ” – “Cahier II (Septembre 1937 – avril 1939) – página 836, Oeuvres complètes – II.
Solidão, luxo dos ricos.”
23 septembre.
Solitude, luxe des riches.”*
Estar só
Ausência inteira
Solidária
A sós consigo própria
Só a nossa sombra
Nos olha
Estar só
Nada mais além
De nós
Próprios despidos
De tudo o resto
E de outros
Estar só
Absolutamente nós
Vigiados
Pela nossa voz
Ressoando
No pensamento
Estar só
Caminhar além
Do fim
Aquém da memória
Dos outros
Que vivem em nós
Estar só
O sobressalto
Do vazio
Nunca sonhado
Depois de tudo
Ter perdido
Estar só
Não é anunciares
A minha
Partida
É não te anunciares
Nunca
Estar só
É estar perdido
E não saber
Que me perdi
Deixar a tua mão
Por apertar
Estar só
Quero estar
Só uma única vez
A da palavra
Final
E nunca mais
Estar só
Sem ninguém
É partilhar o silêncio
Raro
Um luxo de ricos
A solidão
* Citação de 1937, in versão portuguesa dos Cadernos de Albert Camus – Caderno Nº 2 (Setembro de 1937 – Abril 1939) - página 61, edição Livros do Brasil; in versão original francesa “Carnets (Mai 1935 – Décembre 1948) ” – “Cahier II (Septembre 1937 – avril 1939) – página 836, Oeuvres complètes – II.
2 comentários:
Olá.
Lindo o teu poema.
Já o conheço, como sabes.
Olha: é para te dizer que no meu blogue de hoje postei um poema teu. Espero que não te importes.
Abraço.
Eduardo
Nunca ouvi nada mais real.
Mas que luxo!...
Lucy
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