Jon Edwards
Para viver-se longamente ou se é de ferro,
ou vendo um velho penso: quanta gente
assassinou, envenenou, pisou ou destruiu?
Quantas vidas desfeitas há nessa memória
que já se esquece calma pela paz da morte?
Bandidos os humanos, quem não sobrevive
à custa de outras vidas? Quanto sangue,
quanta bondade, quanto de inocência
não devorou feroz e com rosnidos
que são agora as rugas venerandas
e aquele encanto de uma pele trilhada
por azuis róseas pequeninas veias?
Mesmo essa pele quantas vezes não
foi que a largou esfolada no entre pedras,
como a serpente que se despe e passa?
Ou se é de ferro. Ou criminoso antigo
que a si se perdoou do mal que fez
e aos outros perdoou que tenham sido as vítimas.
18/12/1971
Jorge de Sena.
[In “Poesia III” – “Exorcismos - 1972” – selecção de poemas resultante da leitura de Julho de 2007 em Cuba. (28).]
Para viver-se longamente ou se é de ferro,
ou vendo um velho penso: quanta gente
assassinou, envenenou, pisou ou destruiu?
Quantas vidas desfeitas há nessa memória
que já se esquece calma pela paz da morte?
Bandidos os humanos, quem não sobrevive
à custa de outras vidas? Quanto sangue,
quanta bondade, quanto de inocência
não devorou feroz e com rosnidos
que são agora as rugas venerandas
e aquele encanto de uma pele trilhada
por azuis róseas pequeninas veias?
Mesmo essa pele quantas vezes não
foi que a largou esfolada no entre pedras,
como a serpente que se despe e passa?
Ou se é de ferro. Ou criminoso antigo
que a si se perdoou do mal que fez
e aos outros perdoou que tenham sido as vítimas.
18/12/1971
Jorge de Sena.
[In “Poesia III” – “Exorcismos - 1972” – selecção de poemas resultante da leitura de Julho de 2007 em Cuba. (28).]
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