(…)
quando não só as salas mas as vidas não ficavam
de repente vazias de convivas
que temiam olhar uns para os outros e medir nesse olhar as dimensões da solidão
e só sentiam como algum remédio para a solidão
abrir as salas aos nocturnos bois dos campos circundantes
quando de repente os dias começavam a correr
na indisciplinada vibração do perigo
ou se não demoravam na hábil e discreta
sondagem dos melhores movimentos dos antigos povos
quando pelos jardins passavam as hirtas e rígidas escravas
quebradas na cintura pelos seus cintos de seda
e era bem mais fácil manter o equilíbrio estival da humidade dos pés
quando os homens se compraziam a falar do vento
a propósito do movimento vivo ou lento dos canaviais
a associar tempo e vento para decretar
que coisas idas com o vento não regressam mais
(…)
Rotomando A Margem da Alegria [11] no dia do 30º aniversário da sua morte
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