01/12/2011

Niconor Parra

Prémio Cervantes - 2011

29/07/2011

POEMA ARGENTINO (2)



Pero yo estoy de pie, de frente al enemigo,
la vida, y no temo su arrebato fatal
porque tengo en la mano siempre pronto un puñal.

Alfonsina Storni


Tudo em volta pode ser um mar de paz
feito de pequenas cristas adornadas de branco.
Tudo pode adormecer em mim de espanto
arrebatado por ser tudo o que não posso.
Tudo corre no tempo que é o nosso
estou de pé frente ao meu próprio destino.

27/6/2011

03/07/2011

Poema argentino



Hoy han venido a verme
mi madre e mis hermanas
Alfonsina Storni

Olho a minha família toda,
com a memória a abraço,
as mãos já não lhes chegam
perto e ao longe a aperto,

Olho nos olhos os que olhei
no dia escasso, mesmo que fosse
juvenil o abraço, sinto as mãos
nas minhas mãos e as aqueço,

Olho dentro de meus olhos
reflexos da luz branca, oiço vozes
amigas ao longe e as conheço,

Olho em volta e a todos vejo,
e na alegria sublime de os ver
é como se os tivera sempre perto.

Buenos Aires, 27/6/2011

14/05/2011

TALVEZ UM DIA



Talvez um dia a calma me silencie a rebeldia
me apazigúe a inquietação e a irreverência
que por dentro me exalta e tão mal disfarço
no dia-a-dia. Estados de alma em silêncios
forçados tão ruidosos tão incompreensíveis.
Como vos entendo ao olhar-me sem me ver
por dentro, antigo e desconhecido. Faço o
meu melhor mesmo quando não faço, sou
eu que digo: não faço! E omito ou desdigo
e me encontro a sós comigo sem outro tempo
por viver, nem outro corpo por gastar, nem
outro olhar por cruzar, nem mais admiráveis
outros olhares anónimos íntimos a dar-se
a olhar, nem mais nada ousar ou desfazer.
16/4/2011

02/05/2011

04/04/2011

INVENTARIO

Un diente de oro que ríe de los panfletos
Un marido finalmente ignorante
Dos cuervos incluso muy negros
Un policía que se dice responsable

La costurera muy desgraciada
Una máquina infernal de echar humo
Un profesor que no sabe casi nada
Un colosalmente buen alumno

Un revólver ya desengañado
Un niño enfermo de alegría
Un enorme tiempo derrochado
Un adepto de la simetría

Un conde que enrojece al ser condecorado
Un hombre que ríe de tristeza
Un amante perdido encontrado
Un saltamontes llamado sorpresa

El desertor que canta en el coro
Un pícaro que viene paso a paso
Un señor vestidísimo de negro
Un organista que perdió la fe

Un sujeto que engaña a los amorosos
Una pipa que canta la marsellesa
Dos detenidos en verdad peligrosos
Un momentito de belleza

Un octogenario divertido
Un chiquillo que colecciona cubiertas
Un congresista que dice Yo no prosigo
Una vieja que muere en páginas inciertas.

ALEXANDRE O'NEILL

(Versión propiedad de Hartz)

22/03/2011

DIA MUNDIAL DA POESIA (ONTEM)

MEU POEMA

Meu poema é um silêncio aceso
que me alumia o caminho da fala
e se derrama na palavra escrita
à mão teclada ou manuscrita

Meu poema só existe quando escapa
ao exacto momento que o suscita
e nada mais tem para dizer
senão o que a própria mão lhe dita

[In 25 Poemas escritos, a lápis, entre Novembro de 2007 e Março de 2008, nas páginas do livro “Toda a Poesia”, de Ferreira Gullar, 15ª edição, José Olympio, Editora.]

24/02/2011

HOMENAGEM À SENHORA DONA C. QUE GOSTA MUITO DE POESIA



No dia da despedida da funcionária apreciadora de poesia. O seu último recado:

O Sr. Doutor pensava que me ia embora sem escrever para si? Pois pensou mal.
Não vale a pena fazer cara feia ou ficar zangado comigo, porque só falta "um bocadinho assim" para eu me afastar.
Espero que continue a escrever, eu acho, não, tenho a certeza que é aí onde o Sr. Doutor, põe a nu toda a sua sensibilidade.
O seu livro está na minha estante, junto dos outros que me têm oferecido e vai ser também, religiosamente guardado. Obrigado.
Vou-lhe escrever um bocado de uma canção, que eu gosto muito de cantar.
É assim, veja se recorda:

"Canta, canta, Amigo Canta,
vem cantar a nossa canção,
tu sózinho, não és nada
junto temos o mundo na mão...
Canta, canta, Amigo, canta"....

Lembra-se?
Eu sei, que o Sr. Doutor, junto com os outros que escolher, vai levar este barco (o Instituto) a bom porto.
E eu, lá no meu cantinho, em casa, quando souber (espero que alguém me diga), vou dizer a sorrir:
"Ele conseguiu, uau, conseguiu".

Receba uma mão cheia de cravos vermelhos e papoilas, são as flores que mais gosto.
Cravos pelo que representam, e papoilas, porque são livres, como eu,
porque cheiram a campo, como eu, cheiram a povo, cheiram a mãe, a avó, como eu.

Tudo de bom para si e família.

Sr. Doutor, "até sempre, até sempre"

C.
24/4/2009

16/02/2011

Miguel Hernández



Todo era azul delante de aquellos ojos y era
verde hasta lo entrañable, dorado hasta muy lejos.
Porque el color hallaba su encarnación primera
dentro de aquellos ojos de frágiles reflejos.

Ojos nacientes: luces en una doble esfera.
Todo radiaba en torno como un solar de espejos.
Vivificar las cosas para la primavera
poder fue de unos ojos que nunca han sido viejos.

Se los devoran. ¿Sabes? No soy feliz. No hay goce
como sentir aquella mirada inundadora.
Cuando se me alejaba, me despedí del día.

La claridad brotaba de su directo roce,
pero los devoraron. Y están brotando ahora
penumbras como el pardo rubor de la agonía.


El Supremo rechaza revisar la condena a muerte de Miguel Hernández pero reconoce su injusticia

11/02/2011

Handel



Sopra o som das vozes que inebriam o corpo
E o enchem de emoções contidas e secretas
Inscrevendo o seu rastro num lugar sublime

11/2/2011

02/02/2011

A página em branco



A página em branco na minha frente
Vulgar espaço por preencher, o vazio
De tudo o que há por dizer, qual não
Querer caminhar adiante da sombra
A página que resta por escrever, sós
Somos nada ou quase, caminhantes
De uma página em branco, viajantes

31/1/2011

29/01/2011

Há vozes ...



Há vozes que ecoam por dentro do silêncio
Da paz lutando, sorrateiras, por arruiná-la
Como se os homens nunca descansassem
Sem guerra, vagueando por entre ruínas.

18/1/2011

21/01/2011

Primeiros Poemas (Livro Digital)


A Isabel Espinheira autora das ilustrações de Primeiros Poemas, livro artesanal,datado de 2007, editado em 2008, é agora a autora da sua edição digital. Clique AQUI.   

20/01/2011

Seguir o caminho



Seguir o caminho que o tempo me ditou
buscando o tempo todo da vida que viver
me falta, sem fim o horizonte se apaga
e nele se ergue hesitante a velha crença,
ora luz, ora se desvanece a esperança
num novo tempo em que a vida vença

20/01/2011

15/01/2011

Caixa de Sapatos



O meu futuro cabe numa caixa pequena
Como aquela caixa de sapatos da minha
Infância feliz com a luz forte iluminando
Toda a casa pequena de que já nada sei
Ou quase, senão a lembrança das mãos
Que me guiavam, as mãos empurrando
O futuro de que não sei nada ou quase,
Como no tempo daquela caixa pequena

12/1/2011