01/07/2008

SÓ QUANDO CRIO

Só quando crio se me abre o sorriso
Como a água fresca a brotar do gargalo
Do antigo cântaro de barro vermelho
Suado de fazer o frio da água escassa
Adornado de gotículas escorrendo
Como as lágrimas escorriam das faces
Sofredoras dos que me deram ao mundo

Sofre-se devagar e devagar se morre.
Vivemos somente nos pequenos ínfimos
Espaços em que nos abrimos ao mundo
E nos vemos ao espelho do que criamos
Quando criamos que é o que além de nós
Cresce nos outros e sem nós persiste
Mais longe no tempo que é o nosso

Lisboa, 23 de Junho de 2008

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