05/08/2009

ESCREVO NO MOMENTO EM QUE ME APETECE

Escrevo no momento em que me apetece
Os ruídos na minha cabeça são os mesmos
Do tempo em que a minha cabeça tinha
Trinta ou quarenta anos menos e nela cabia
Um mundo de ilusões como se diz amiúde

Escrevia uma banalidade se me apetecia
Para espairecer do tempo que me sobrava
Do tempo em que me esquecia do tempo
E olhava para dentro do meu corpo sempre
Como quem apreciava uma memória actual
Que se esgotava no acto de viver o momento

Escrevia sem olhar à geometria dos versos
Se versos eram as palavras alinhadas atrás
Umas das outras qual ilusão criando espaços
Para o meu corpo respirar dentro da cabeça
Que volteava sobre si própria como um moinho
De vento que empurra uma vela desfraldada
Ao luar da primavera que diziam iria acabar
Pois tudo acabaria e havia de se transfigurar

Escrevo com a imagem da geometria dos versos
De ferreira gullar na minha cabeça cantando a
Apetecida vontade de escrever sem medo de ser
Dominado pelo automatismo da escrita, um medo
Antigo, que se não conjuga com a liberdade
Que me manda escrever sempre no momento
Que me apetece com os ruídos nela presentes

7/5/2009

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