29/12/2009

O CANSAÇO DO CORPO

Pamela Creevey

O cansaço do corpo no dia sofrido
com as mãos que lhe tocam fundo
fazendo jorrar água de seus poros
um a um, intumescidos de lascívia
tocados por mil línguas lambendo
o mais fundo dos seus escondidos
segredos, feitos de curvas abertas
na montanha da carne em erecção
que se percorre devagar, qual luar
de carícias abraçadas na escuridão

29/12/2009

27/12/2009

Luís de Camões – Sonnets and others poems


Uma prenda, em livro, do meu filho Manuel, por este Natal, sabendo do meu gosto: “Luís de CamõesSonnets and others poems”, edição bilingue, tradução e introdução de Richard Zenith.


Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n´alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e doi não sei porquê.
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Let Love devise new ways, new wiles
to kill me, and new forms of disdain;
he´ll take away no hope of mine,
since he can´t take what I don´t have.

Look at the hopes that hold me up!
See how precarious my defenses!
For I, not fearing reverses or changes,
am tossed by the sea, having lost my ship.

Though disappointment can´t exist
where there´s no hope, there Love has hidden
a bane that kills and remains unseen,

for he placed in my soul some time ago
I don´t know what, nor where it was born,
nor how it got there, nor why it aches.

22/12/2009

O DIA


O dia alegre-se e entristece ao ritmo
Do tempo adulto que cresce em mim
Interrogo-me: o que fizeste? Silêncio
E as memórias por fim já esquecidas

22/12/2009


13/12/2009

CALIGRAFIA DE TRAÇOS E PALAVRAS

Não há termos. Certezas tão pouco. Linhas bem definidas
que esfumo   interiormente.
Prefiro as minhas.Inventadas
ao sabor do tempo. Fora das
possibilidades e de todas as
probabilidades.

Incongruentes. Mas com o sal
do mar e das lágrimas.   Mais
puras. Sobreviventes. Cientes
de que a vida se constrói em
cada margem.  No parapeito
da ponte. Rente ao silêncio e
a todos os gestos.


Militante de incertezas vagueio entre mar e terra apurando o sentido no infinito - meu eterno ponto de fuga.

Setembro 2009

Maria Helena Faria Monteiro


A Helena deu-me de oferta o livro “Caligrafia de Traços e Palavras”, com dedicatória, que espero, em breve, retribuir. É composto de Palavras, Escritos, Anoitecidos, Diurnos, Contos e Poesia, Aguarelas, Desenhos... Acabei de o ler e o mais que digo é: obrigada, é lindo.

[Também aqui.]

10/12/2009

DE MANHÃ CEDO O SOL


Eric Fredine

De manhã cedo o sol
Quebra a monotonia
Esculpindo na sombra
Do silêncio doloroso
A solidão do regresso

10/12/2009

02/12/2009

TEIXEIRA DE PASCOAIS E A POESIA EM JORGE DE SENA


Teixeira de Pascoais foi, para mim, muito menos e muito mais do que um mestre. Devo-lhe o pior que me podia ter acontecido – e do melhor que a vida me dá. Com efeito a leitura, no limiar da adolescência, da sua Terra Proibida – e, mais ainda talvez, a impressiva descoberta, por um poema desse livro, de que havíamos nascido ambos no mesmo dia, o Dia de Finados – é que é responsável pelo facto de eu ter principiado a escrever poesia. (…)

Lisboa, 19 de Dezembro de 1952

Jorge de Sena - Excerto In NÚMERO DEDICADO A TEIXEIRA DE PASCOAIS – Cadernos de Poesia, III Série* Lisboa * 1953 * Fasc.14