06/04/2010

SINGULARIDADE


Não sou mais puro só porque versejo
e Deus me quis contrariado.
O que me cerca, quase desejo,
afirma-se no tempo e na verdade.


O que me cerca tem um nome vão.
Uns dizem mundo, outros futuro.
Mundo futuro é binómio-cão.
Mordendo, ladra, os ossos me une.


O que me cerca suspende a razão
em ambos os pratos da balança.
Fica pairando, tremendo no ar
ave da esperança na distância.


Sim! – ninguém ouse violentar-me.
Sou o que fui, serei: - talvez milagre!

Ruy Cinatti

In “archeologia ad usum animae”, Presença

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