Miguel Torga
S. Martinho de Anta (12.08.1907) – Coimbra (17.01.1995)
A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;
De poeira;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.
S. Martinho de Anta, 30 de Abril de 1937
Miguel Torga
[In Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, de Eugénio de Andrade. Antecipando, por um dia, o centenário do seu nascimento.]
1 comentário:
Daqueles do "antes quebrar que torcer" e que poesia há na prosa dos seus diários!
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