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O que me alimenta
é a espera
espero tudo sempre
e se me vejo esperado
desespero
Abandono-me objecto
de desejo
espero do outro
beijo o seu beijo
e desespero
Solto o grito
surdo da
submissão
alimento a espera
e desespero
Nada faço agora
em estado puro
altivo macho
decidido
desespero
Não me notam
o olhar triste
nulo
sentimento
desespero
Gosto mais
assim hoje
sem desespero algum
de escrever a palavra
desespero
Março fim
31 Março 1982
[Último poema da série "Primeiros Poemas".]
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